A Serra Fina faz parte da Serra
da Mantiqueira e está localizada na divida dos estados de Minas Gerais,
São Paulo e Rio de Janeiro, onde se encontra a Pedra da Mina, considerada o 4.º
ponto mais alto do Brasil com 2.798,06 m. Coordenadas geográficas: 22°25’40” S e 44°50’33” W. A trilha percorre cerca de 33 km em terreno extremamente acidentado, subindo e descendo outros picos importantes, como o Pico do Capim Amarelo (2.491m), Pico dos Três Estados (2.656m) e Cupim de Boi (2.543m). Ao todo a região tem mais de 10 picos com mais de 2.500m.
E por que a travessia da Serra Fina é considerada tão difícil?
As distâncias verticais são consideráveis, isto é, os desníveis são abruptos e constantes, para cima e para baixo, com muitas escalaminhadas. O clima é instável, e o mau tempo pode arruinar seus planos, são poucos os pontos de água, o que nos obriga a carregar o peso extra desse precioso líquido na mochila, já pesada com todo o equipamento de frio e comida. Em muitos trechos a trilha é difícil de ser localizada, passando por mata fechada, onde trilhas laterais podem confundir o trilheiro desavisado.
Abaixo seguem alguns trechos do diário da aventura registrados por Patrícia que também faz parte do Grupo Selvagem, liderado pelo namorado Waslen. O Grupo começou a planejar a travessia em meados de 2017 com pesquisas e outros preparativos para o grande desafio.
"Por
ser considerada a travessia mais difícil do Brasil, a Serra Fina é inigualável, a
experiência é insubstituível e exige um condicionamento físico sem igual. Confesso que em muitos trechos meu namorado, além de carregar a mochila dele,
voltava e pegava a minha, para que ficasse mais fácil a subida.
No
primeiro momento, lembro-me de ter lido em diversos sites, sobre tipos de
roupas e comida, pois essa travessia exige que você carregue toda água que você
irá consumir bebendo e para comida na mochila. Existem 3 pontos de água, um no
início do Trekking, outro no final do
segundo dia, e outro praticamente no final da trilha quando você completa
os 4 dias de escalaminhada.
Carregar uma mochila de praticamente 30 kg ou mais nas costas
subindo altitudes de mais de 2.700 metros não é fácil. A água tinha que ser
racionada para que o consumo não excedesse, pois ali água valia mais que ouro,
algumas vezes substituímos o almoço por lanches para economizar a água. A comida
às vezes compartilhada tinha que ser leve e ao mesmo tempo forte para que o
organismo suportasse um dia inteiro de desgaste físico.
Na mochila não podia faltar a barraca, o isolante térmico,
saco de dormir (pois teve dias da temperatura estar negativa) roupa
de frio, kit de higiene pessoal e kit de cozinha, o que já deixava a mochila
bem pesada, sem a água que ainda tínhamos que pegar minha mochila pesava por
volta de 15kg.
Quando chegamos em Passa Quatro ligamos para o resgate (Sr. Antonio), e combinamos um horário para começarmos a subir, enquanto comprávamos alguns itens que ainda não tínhamos, e dávamos uma volta na cidade para conhecer.
Quando chegamos em Passa Quatro ligamos para o resgate (Sr. Antonio), e combinamos um horário para começarmos a subir, enquanto comprávamos alguns itens que ainda não tínhamos, e dávamos uma volta na cidade para conhecer.
Por volta das 5 horas da manha começamos a subida, logo
encontramos a toca do lobo, que é o inicio da trilha e onde tem o primeiro
ponto de água. Abastecemos os cantis e começamos a subida, rumo ao camping do
capim amarelo avançado, já que começamos mais cedo, e demos conta de ir além do
planejado para o primeiro dia. Alê, Fabi e Nícolas, chegaram bem antes de mim e
do Cae, pois como falei, ele teve que carregar a minha mochila boa parte do caminho.
Todos falam que o primeiro dia é o mais difícil, mais eu
particularmente achei todos bem complicados, apesar do último dia ser mais
decida, quanto mais andava mais chão parecia ter.
Resumo do primeiro dia: 7,7km percorridos, elevação de 2.496m, chegamos no Acampamento avançado.
Resumo do primeiro dia: 7,7km percorridos, elevação de 2.496m, chegamos no Acampamento avançado.
SEGUNDO DIA.
Já no segundo dia acordamos, desmontamos as barracas, fizemos
um café e começamos a subida para a Pedra da Mina (4.ª maior montanha do Brasil). Nosso objetivo é fazer as 10 maiores montanhas do Brasil. O cansaço do dia
anterior ainda estava no corpo, como tínhamos subido muito no primeiro dia
achávamos que seria mais suave, estávamos bem enganados, a subida é bem puxada,
além de escorregadia, mais nada tão terrível, se bem que nessa hora meu
namorado teve que usar o psicológico comigo e falar constantemente no meu
ouvido que eu conseguiria, pensei em desistir a cada dois passos que eu dava.
Enfim chegamos ao cume, assinamos o livro de registro, que se encontra na
montanha, e começamos a descer.
Nesse dia estava escurecendo e nossos amigos tinham ido na frente, com isso Cae e eu não chegamos ao acampamento encontramos um lugar seguro para acampar e acordamos mais cedo para assim que começasse a clariar o dia voltássemos a encontrar o grupo para seguir o Trekking.
Nesse dia estava escurecendo e nossos amigos tinham ido na frente, com isso Cae e eu não chegamos ao acampamento encontramos um lugar seguro para acampar e acordamos mais cedo para assim que começasse a clariar o dia voltássemos a encontrar o grupo para seguir o Trekking.
Resumo do Segundo dia: 6,9km percorridos, elevação 2.798m, acampamento – em algum
lugar entre a pedra da Mina e o acampamento Maracanã.
TERCEIRO DIA.
TERCEIRO DIA.
Encontramos o restante do grupo e seguimos ao
ponto de água para reabastecer, ali aproveitamos e fizemos uma comida mais
reforçada e tomamos café. Depois de atravessar o Vale do Ruah, onde além do
terreno ser bem úmido, tinha hora que tínhamos que atolar o pé no barro até a
canela(um barro preto) entre tufos de capim que era mais alto que nossas
cabeças, alcançamos o Cupim do Boi ainda cedo mas, tivemos a informação que o
acampamento avançado do pico dos 3 estados mais o pico estavam lotados, e então
conseguimos chegar até o acampamento do Bambuzal onde iríamos descansar e fazer
outra refeição mais encorpada para que o 4.º dia fosse finalizado, com mais
tranquilidade. (um sonho que isso fosse verdade).
Resumo do Terceiro dia: 6,8km percorridos, elevação 2.573m,
acampamento bambuzal – base do pico dos 3 estados.
QUARTO DIA.
QUARTO DIA.
Levantamos bem cedo, por volta das 4:00 h da
manhã, mais descobrimos que todos no acampamento já tinham subido para ver o
nascer do sol. Embora neste dia o tempo fechou e o sol além de não sair, o
nevoeiro e o vento estavam muito forte. A subida é bem íngreme, o que dificulta
um pouco quando você está com o peso de água na mochila. Mas mesmo assim
atingimos o cume bem cedo. Novamente tiramos umas fotos no marco, onde divide
os 3 estados, e começamos a descer, pois esse dia seria o dia de percorrer a
maior quilometragem.
Resumo do quarto dia: 12,24km percorridos, 2.665m de elevação, rodovia de Itamonte."
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